terça-feira, setembro 11, 2007

Através daquela janela consigo ver o que tu não consegues. É tão fácil transpor o nosso olhar para além do vidro inquebrável que nos separa do frio nebuloso de uma noite de Inverno. Consigo mesmo assim sentir o cheiro da chuva que cai lá fora e molha as ruas que ainda há pouco tempo eram pisadas pelas pessoas sem destino. A chuva obrigou-as a encontrar esse tal destino desconhecido por todas elas.

Mas depois penso… as ruas não estão vazias. Estão repletas de pegadas rápidas e sem sentido, cheias de pensamentos arrepiantes de vidas inglórias, cheias de cheiros de comida, sexo, de trabalho. Mas o vidro da janela consegue quebrar todo e qualquer contacto que eu pudesse ter com esse mundo que quero desconhecer mas, que me é tão familiar. Consigo distinguir ao longe um vulto escuro. Traz vestida uma gabardina cinzenta, em acordo com o céu. Vem de cabeça baixa mas noto-lhe no queixo alguns pelos, o que deixa perceber uma barba, farta ou não. Os passos são cada vez maiores, mais rápidos e mais decididos. Vem na minha direcção. Um medo inconsolável apodera-se de mim.


Não sei porquê...

0 Comentários:

Enviar um comentário

Subscrever Enviar feedback [Atom]

<< Página inicial